A saúde é a área que mais preocupa a população brasileira, segundo uma pesquisa do Instituto de Pesquisas Sociais, Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe). O Radar Febraban: Percepção e expectativa da sociedade sobre a vida, aspectos da economia e prioridades para o país aponta que a temática lidera o ranking das principais preocupações: para 30% dos respondestes, o governo federal deveria dar mais atenção para a área em 2025. O percentual chega a 41% para os moradores da região Centro-Oeste. 

No Norte, 36% dos moradores compartilham essa preocupação, seguidos pelo Nordeste, com 35%, e pelas regiões Sudeste e Sul, ambas com 26%.

Na pergunta que indicava as “áreas que o Governo Federal deveria dar mais atenção”, a saúde lidera isolada.

O especialista em políticas públicas e professor de Medicina da Universidade Católica de Brasília (UCB), Fernando Erick, aponta que uma das principais problemáticas da saúde pública hoje é a necessidade de atualizar o modelo de organização de sistemas e serviços para uma população que vive mais. Para ele, os gestores da área precisam trabalhar para frear o avanço de doenças evitáveis promovendo ações de prevenção.

“O envelhecimento populacional, a mudança da nossa pirâmide etária nos exige uma atualização em relação à organização dos serviços. A gente também precisa sair da lógica de resolver problemas quando há doenças evitáveis, e a gente prevenir doenças e promover saúde e um sistema que seja organizado, pensado e implementado seguindo essa perspectiva”, afirma.

Outro desafio na saúde pública é o enfrentamento às desigualdades. “Já temos muitas tecnologias, mas ainda há uma dificuldade de distribuição justa para todo o território do Brasil. A gente tem um panorama nacional relacionado aos municípios com até 50 mil habitantes, há necessidade ainda de capilarizar e fazer chegar lá melhores serviços, melhores condições de saúde”, avalia Erick.

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Desafios da saúde pública: foco nas pessoas e gestão de recursos

Fernando Erick destaca a necessidade de promover a saúde global, que envolve ações coletivas e sensibilização da população para enfrentar doenças e frear o aumento de casos com atitudes como vacinação e cuidados com o lar. “Evoluir para esse novo formato onde vai colocar esse serviço mais em prol do coletivo e fazer as pessoas se sensibilizarem em relação a essa responsabilidade para a gente ter uma saúde coletiva e global alinhada aos nossos objetivos”, menciona.

Para ele, o modelo de atuação da saúde pública deve ser atualizado para focar nas pessoas e não nas doenças.

“Temos ainda o desafio de atualizar o modelo baseado não na doença e sim na pessoa. E promover saúde, prevenir doenças, muito mais do que criar grandes centros especializados e cada vez mais internalizados. A gente tem que cuidar das pessoas no território, isso ainda não foi vencido”, afirma.

Fernando Erick avalia que é preciso reforçar a distribuição justa de recursos proporcionais às necessidades das cidades. “A equidade precisa prevalecer no nosso país dentro da lógica da saúde, dentro da lógica da distribuição e resolver os problemas que a gente já sabe que acontece. Se o problema é má gestão, precisa de ferramentas para governança; se o problema é corrupção, precisa de ferramentas para transparência de dados e proteção de dados; e a gente lidar com uma inteligência que não tolerará mais em um nível de desigualdade, de mal acesso a serviços básicos, como é a saúde pública, por exemplo”, pontua.

Pesquisa

A pesquisa foi realizada de 5 a 9 de dezembro de 2024, com 2 mil entrevistados de todas as regiões do país. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos. 
 

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